Este surgiu numa fase da minha vida em que me debatia com uma situação de precaridade laboral, acrescida da espera prolongada por uma intervenção cirúrgica enquanto a minha mobilidade estava cada vez mais reduzida. Durante algum tempo, pensei seriamente em mudar a minha actividade profissional, uma vez que estava fisicamente impedido de fazer tudo aquilo que fazia até então.
A tentativa de criar uma fonte alternativa de rendimento foi, portanto, uma das motivações da criação dos EnRASCAdos, daí esta série ter a forma de tira, adaptável à publicação em jornal. Claro que não esperava viver disto (a MonoCultura ajudou às despesas, mas não rendeu fortuna nenhuma, e o meio é demasiado pequeno para grandes rendimentos numa área como esta), mas bem que tentei a sua publicação sem qualquer sucesso.
Assim, os EnRASCAdos ficaram apenas como uma boa companhia numa altura em que fiquei imobilizado em casa no período pós-operatório, que aproveitei para desenhar como nunca.
Quanto ao tema desta tira, a precaridade era na altura, e continua a ser agora, um problema grave para as famílias. Quer o estado, quer as empresas privadas usam e abusam de situações de precaridade, em que os trabalhadores estão sujeitos a todo o tipo de situações. Depois, em situações em que é necessário recorrer aos quadros, verifica-se que efectivamente os lugares de quadro encontram-se por ocupar. Esta é uma situação muito ingrata para quem as vive e, no meu caso na altura, muito mais ingrata ainda quando nos vemos confrontados com problemas de saúde, em que ficamos completamente desapoiados.
Desenho de 04 de Janeiro de 2004
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