Tributar o património, de forma adicional ao que já se tributa, parece um princípio estranho.
Primeiro, o património, quando obtido de forma honesta, já foi mais que espremido, em IVAs, IMTs, impostos sucessórios (sobre rendimentos e bens já sujeitos a impostos antes).
Segundo, o património é mais que ter um "palacete" (subjectivo) ou uns trocos poupados no banco, é o que se possui, bens móveis, imóveis, culturais e, nunca nos esqueçamos até com valor sentimental. Ah, pois é, o avôzinho deixou aquela Zundapp cheia de ferrugem e que nem funciona, não me vêm aqui avaliar o património e me taxar por possuir uma peça de museu?
Terceiro, o património ou anda a cair aos pedaços (com impostos sucessórios e afins, nunca sobrou nada para aquelas obras), ou conseguimos pagar obras e assim (mesmo pagando IVA sobre materiais e mão de obra), aumenta-se o valor e os impostos sobre ele...
Quarto, se uma conta bancária com uma poupança tem um determinado saldo, se pagou impostos ao obter o rendimento, e se pagar impostos sobre os juros, um imposto extra anual faz o quê? Leva mais que os juros? Faz diminuir o "património" anualmente até uma futura "felicidade" de conseguir isenção do imposto por não haver mais?
Quinto, podem pensar que acho que somos todos "santinhos", que tudo é feito sem fugir como e quando se pode. Não acho isso, acho é que não são ideias destas que resolvem nada, e muito menos têm qualquer tipo de justiça. De facto, o problema são os "legalismos" que atrofiam a justiça e que não só permitem o roubo descarado, como protegem alguns ilustres da nossa sociedade. Debate-se amiúde o famoso "enriquecimento ilícito", que precisa de leis que nunca se vão fazer (só serve para render debatezinhos na assembleia), quando o ilícito significa CONTRA A LEI, logo o que falta é não atrofiar a justiça e fazê-la actuar.
Sexto. Nunca tive nem tenho nada contra quem tem o que eu não tenho. Se pretendo algo, faço por obter com o meu trabalho. Se o obtenho com o meu trabalho e esforço, não aceito invejas só porque obtive, trabalhem. Se tirarmos a quem tem só porque tem, não estamos também a ser justos, só a roubar.
Sétimo. Prefiro que haja patrões, porque só assim há empresas e portanto empregos. Com isto não confiro qualquer preferência aos maus patrões. Más práticas e abusos devem ser penalizados. Isto também vale para maus empregados.
Oitavo. Justiça obtém-se a aplicar de forma justa regras de sociedade civilizada e correspondentes leis penais. Nunca penalizando por preconceito ou por incapacidade de detectar as ilegalidades e infracções e assim castigar (extorquir) o próximo.
Nono (e último). Caso os meus cartoons e ilustrações um dia passem a valer alguma coisa, aumenta o meu património familiar? Se valerem muito, levo taxa anual pelo aumento de património produzido por mim? Se assim for, deixo de desenhar, pelo sim e pelo não...
É gastar tudo em cerveja, que ainda dá IVA aos senhores e barriga não se deposita no banco e na presente época não é riqueza.
Cartoon de 19 de Setembro de 2016
1 comentário:
Adorei! Era muito bom que "quem de direito" interiorizassem e fizessem coisas de jeito... Isto está tudo a caminhar sem norte, ou melhor, está tudo desnorteado.
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