Xinando - Cartoon
Cartoons made in Açores

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Na Tasca 15 - Rendimentos

Atingimos os 90% do rendimento per capita nacional, hurra! Ainda bem, porque era pior que isso, mesmo assim, não vejo motivos para festejar. Resta saber para onde foi esse dinheiro, porque, que se saiba, os ordenados não acompanharam, nem de perto nem de longe, a evolução do rendimento per capita.
Anda por aí algures. Se estiver em empresas, que sirva para criar emprego e melhorar os ordenados dos seus funcionários.
Desenho de hoje, 30 de Julho de 2008

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Os enRASCAdos


A criação de uma série/colecção de cartoons tem vantagens e desvantagens, havendo autores que preferem desenvolvê-las, enquanto outros preferem cartoons isolados que eventualmente têm em comum o estilo gráfico.
As séries permitem ao autor desenvolver um determinado tema, com ou sem personagens fixas, mas com uma personalidade/filosofia sempre como pano de fundo. Muitas vezes, as mesmas permitem ao leitor alimentar a curiosidade e apreciar cartoons que sozinhos teriam talvez pouco interesse. Aqui destaco dois dos meus preferidos: Mafalda (de Quino), e Garfield (de Jim Davis), cuja evolução das personagens é, por si só, uma história mais ampla que cada tira, e em que algumas tiras só fazem sentido para quem conhece as personalidades das personagens envolvidas.
Em 2003/2004, comecei a magicar uma nova série, a desenvolver em tiras, mas que contivesse uma marcada familiaridade entre as personagens e os leitores. A procura de tema levou-me a pretender um retrato da sociedade em geral e das atitudes que se vêem por aí todos os dias, que todos temos e que todos condenamos quando vemos nos outros. Por outro lado, o título surgiu em simultâneo, pois sendo um retrato da sociedade onde vivo, e pertencendo eu a uma geração algures apelidada de “Rasca”. Sempre considerei esse epíteto injusto, e que ao invés de “Rascas” somos sim “Enrascados”, principalmente devido ao contributo desses senhores que nos apelidaram.
Os personagens não têm nome, alguns repetem-se em várias tiras, outros nunca mais aparecem, mas fica a minha visão sobre o funcionamento da nossa sociedade, em que todos são virtuosíssimos, exigentes com os outros, mas têm sempre desculpas para os seus deslizes. Muitas vezes, há vícios tão intrincados na nossa sociedade que as pessoas os vivem pensando que tais atitudes são normais. Tentei colocar-me de fora a olhar para essa coisa tão vasta que é a sociedade e o resultado é a série que agora introduzo.
Há um agrupamento por assuntos, em geral com três cartoons sobre determinado assunto corrente. Tal não significa que não houvesse mais ideias para alguns temas, mas por agora três é um bom número, para não cansar, nem esgotar.

Os enRASCAdos nunca foram publicados. Quando foram criados, e quando já tinha várias tiras prontas, tentei contactar um jornal local para eventual publicação (escolhi aquele, porque não me identificava com os estilos de outros). Nem me quiseram receber, nem sequer dispunham de cinco minutos para olhar de relance. Foi com tristeza que vi esse projecto quase ir por água abaixo, mas foi com mais pena que vi a forma como as mentalidades das pessoas são por vezes tão estreitas e fechadas às novidades.
Mesmo assim, continuei a “enRASCAr" por gosto, e a partir de agora apresentarei o fruto desse trabalho.

sábado, 26 de julho de 2008

MonoCultura 25 - Luzes da ribalta


O mês de Novembro é caracterizado, de um modo geral por todo o lado, pelas inaugurações das iluminações de Natal, seja nas maiores cidades, seja nas mais pequenas vilas e até em algumas freguesias. Ao longo daquele mês, uns mais cedo, outros mais tarde, lá vêm as luzes de Natal. Estas iluminações são sempre acompanhadas de aprovação, espanto e críticas: ora está maravilhoso, ora está feio, ora está excessivo, ora está a menos, ...

Outra questão que sempre se põe é até onde se deve iluminar, que ruas iluminar, e que ruas não devem ser iluminadas.

Em 2001, não foi excepção, em em Ponta Delgada, como noutras localidades, os comerciantes não iluminados queixaram-se fortemente, pois a falta de iluminação afugentaria clientes, ou pelo menos atraí-los-ia para a concorrência iluminada. Isto é tipo polvo, se não aumentar de um ano para o outro, o autarca fica em xeque. Haja energia para tanta parvoíce! Qualquer dia, iluminam-se com motivos natalícios até os cumes das montanhas, para ninguém ficar chateado.

Embora estejamos em Julho, e claramente fora da época natalícia (e o cartoon anterior foi sobre o carnaval ...), a publicação deste cartoon tem como motivo principal o facto de estar na sua ordem de publicação da série MonoCultura (o 25 vem depois do 24, e a seguir vem o 26 ...). Mas, vejamos se isto não se aplica a tantas outras coisas que não a iluminação natalícia? E o que se passa nas festas de verão? A iluminação não se estende também da mesma forma? ... para não falar no número de artistas convidados e no valor dos seus cachets (prefiro não comentar a qualidade de alguns, mas desde que alguém goste ...).

Cartoon publicado no Portal Virtualazores em 23 de Novembro de 2001

com o título "se não tem luz, não tem lojas!"

sexta-feira, 25 de julho de 2008

SG 15 - Carnaval


Sei perfeitamente que não é carnaval, mas é certamente momento de folia, pois é verão, pois as próximas eleições estão à porta, pois etc. e tal. Para a folia há sempre gente, e ainda bem, pois sem alegria seria tudo muito mais difícil.

O nosso herói está claramente disfarçado, usando um bom disfarce, mas a máscara não esconde quem ele realmente é.

Muitas máscaras são assim, muita gente vê através da sua máscara e, como a mesma lhe dificulta a visão, pensa que visto de fora também é difícil vê-los. Puro engano, mais cedo ou mais tarde, a máscara cai, e as épocas de euforias são propícias a isso ... um pequeno entusiasmo e dá-se o deslize.


Desenho de 06 Julho 1994

domingo, 13 de julho de 2008

MonoCultura 54 - Pagar pelos outros

A EDP fez recentemente a brilhante sugestão de incluir uma taxa de 1 euro na factura da electricidade, para compensar a empresa pelas contas incobráveis. Literalmente, quem já paga e provavelmente sempre pagou, seria castigado em vez dos caloteiros, e a EDP passaria incólume, a fazer a sua justiça distorcida.
Eu não sou gestor, nem sequer empresário, nem tenho formação académica na área da economia ou gestão, mas há uma coisa que me intriga: qualquer empresa que se preze (nem precisa ser um gigante nacional como a EDP) incorpora nos preços dos seus serviços os custos de funcionamento, que inclui despesas com pessoal, infraestruturas, despesas correntes ... até o papel higiénico. Embora os preços da electricidade sejam definidos pelo governo, a EDP sempre foi um gigante, por isso nunca foi pobrezinha, e esta proposta é indecente. Imagine-se a chegar á mercearia e lhe cobrarem as suas compras e as do cliente anterior, que tinha saído sem pagar ...
Esta empresa apenas se limita seguir a moda: o ministério das finanças faz o mesmo, aumentando descaradamente impostos, e mesmo inventando outros, para compensar a incapacidade de cobrar a alguns espertos. A uns, cobra-se forte e feio multas por atrasos de horas em declarações ... a outros, "abaixam a crista" e dívidas de milhões ficam por cobrar ...
É sempre mais fácil ir buscar aos clientes que pagam sempre, do que andar a correr atrás dos outros que não pagam ... será que se me tornar caloteiro e não me importar, viverei com mais saúde e me deixam em paz? ... não acredito ... mesmo a fuga descarada e o calote são só para alguns com as costas bem quentes!
Imaginem se o ministério da justiça adere à moda ...
Cartoon de 09 Julho 2008

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Na Tasca 14 - Análise política dos factos

A comunicação social apelida ao verão, devido ao suposto abrandamento da actividade política, de silly season (temporada parva, digamos assim). Se o verão é parvo, por diminuição da actividade dos partidos e dos políticos em geral, como se deverá chamar ao resto do ano?

Abre-se o espaço de debate para sugestões, e eu deixo aqui algumas:


  1. Stupid season - porque a estupidez e a política andam sempre de mãos dadas, infelizmente.

  2. Expensive season - porque, neste período, pagam-se ordenados aos políticos para trabalharem, e não para não fazerem nada, como se fosse verão.

  3. Pathetic season - ...

  4. Sillyest season - porque é mais parva que a outra.

  5. Shameless season - porque o descaramento é exercitado até ao limite.

  6. Incoherent season - incoerências por vezes com intervalos de horas.

  7. Demagogic season - demagogia q.b., cada um usando a cartilha do político, no capítulo do governo ou no capítulo da oposição, conforme o caso. Se trocarem de posição, usam a mesma cartilha, trocando de capítulo ...

  8. Ridiculous season - ...

  9. ...

Nem sei por onde escolher ...



A verdade é que qualquer facto serve de argumento a favor ou contra, dependendo dos interesses. A leitura é livre, e qualquer um emite a opinião que quer. Cada um mastiga e engole da forma como achar melhor (ou como o seu partido mandar ...).


Desenho de 10 de Julho de 2008

quinta-feira, 10 de julho de 2008

SG 14 - Eclipse nasal

Estamos já em pleno verão e um pouco de sombra dá muito jeito!
Desenho de 29 de Junho de 1994

segunda-feira, 7 de julho de 2008

MonoCultura 24 - Excessos perigosos

A descida da taxa máxima de alcoolémia (acho que agora é alcoolemia ...) para 0,2 g/l sangue causou grande apreensão na sociedade portuguesa. Entre toda a mitologia à volta daquele fatídico valor, constava a teoria de que bastaria comer três ou quatro maçãs para que fosse logo ultrapassado o limite legal de álcool para se poder conduzir.
É mesmo à portuguesa ... desculpas utópicas e patéticas: mesmo que quatro maçãs provocassem esse efeito, quantos portugueses comeriam quatro maçãs de seguida? ... ainda se fossem uns enchidos e, claro, vários copos de vinho ou de cerveja ...
Cartoon publicado no Portal Virtualazores em Novembro de 2001

terça-feira, 1 de julho de 2008

Na Tasca 13 - Custos

Esta foi inspirada num amigo que passou uma aflição com o seu bezerro. Não, não teve que dar o bezerro para pagar o tratamento.
Vivemos uma época em que tudo custa demais: custa a fazer e tem custos para fazer, por isso se cobra; custa caro, por isso se hesita em gastar, e só se gasta se tiver mesmo que ser. Este é um efeito multiplicativo, que faz com que o IVA baixe e fiquemos satisfeitos (aliviados até) pelos preços não terem subido apesar disso.
Todos ficámos indignados quando o IVA subiu, pois ia ficar tudo mais caro. Os comerciantes ficaram indignados, pois para não perderem a clientela, não terão subido os preços devido à subida do IVA ... esperem, mas isso é independente da subida dos combustíveis ... afinal não tinha subido, mas subiu. Agora desceu, mas até subiu ...
Está tudo a ficar paranóico, e ninguém percebe mais nada, por isso só me resta um ditado popular:
Em casa onde não há pão, toda a gente grita e ninguém tem razão ...
Desenho de 01 de Julho de 2008