Era uma vez um porquinho que era um grande porcalhão. Viveu no mundo dos homens e não gostava muito das leis deles, mas queria por força viver lá. Depois de ele ter prejudicado homens honestos, os homens resolveram colocá-lo num lugar pago à custa dos impostos dos homens que foram vítimas do porquinho porcalhão, mas ele continuava a não gostar nem dos homens, nem das leis dos homens, pois era simplesmente um porquinho porcalhão.
Outros homens eram vizinhos de cela do porquinho porcalhão, mas a sua vida estava a ficar insuportável perante tamanha pocilga, mas o porquinho era orgulhosamente porcalhão e resistia e agredia os seus tratadores.
Um dia, os tratadores tentaram controlar o porquinho porcalhão com meios duros, mas simples, e resolveram filmar a situação. Por acaso, aquilo foi decidido de repente, o que fez com que o Hulk, que era tratador de porquinhos, tivesse pegado no escudo que tinha mais à mão, por pouco não pegou no da Hannah Montana, que estava mesmo ao lado do escudo da Floribella.
Dali resultou um filme best-seller, pois alguns jornais têm o vício da lama, têm tanto vício que não conseguem evitar chafurdar assim que lhes cheira a lama ou lodo. Mas claro, quando se enfia o focinho a primeira vez na trampa para chafurdar, sem sequer olhar e cheirar primeiro, a trampa pega-se à cara e pode turvar a visão desde o princípio, não desapegando e impedindo que se veja mais além.
Costuma-se dizer que a conversa do português acaba sempre no mesmo, mas também sempre ouvi dizer que quando a conversa chega à trampa, é porque está na altura de acabar.
Acho que todas as pessoas têm direito à dignidade, mas também têm que se dar a isso. Questiona-se imediatamente o tratamento supostamente desumano com que o recluso foi tratado. Chama-se um ministro à assembleia para responder por isso. Posso questionar também? Vou mesmo:
- Quem defende da dignidade dos outros reclusos que estavam incomodados com aquilo?
- Quem, entre a classe política e jornalística, defende com tanto brio as vítimas daquele senhor? (vítimas de crimes, além de eventuais vítimas entre os outros reclusos e o pessoal prisional, que tem que lidar com ele?)
- Quem se importa com os que não cometem crimes? Com os que são vítimas de crimes? Com os que pagam o alimento que aquele senhor atira para o chão, para o meio dos seus dejectos?
- Lamento também o escudo com o Hulk, pois pareceu-me o único comportamento menos profissional que aparece no vídeo (e que faz pensar se o vídeo chega a ser real ou encenado);
- Mais lamento que se tenha que pagar a comida de quem a atira fora, e que sejam precisos tantos guardas, jornalistas e deputados a dar tanta atenção a um porquinho porcalhão.
E com tantas coisas sérias e realmente importantes a se passar por aí, dedicamos a nossa atenção sempre e só a trampa...
Cartoon de 23 de Fevereiro de 2011