MonoCultura 38 - Lapas

Este cartoon surgiu numa altura, em Março de 2002, em que surgiram muitas reclamações na comunicação social sobre a apanha execessiva de lapas na Ilha Terceira. Parecia que as lapas tinham fugido para outras ilhas, e talvez até tivessem, no estômago de alguém.
A exploração excessiva de recursos é uma realidade mundial, não só regional. Talvez daqui a poucos anos, os jovens nem saibam o que são lapas (a não ser que se crie um jogo de computador, tipo "Super Lapas Brothers", onde os heróis sejam um par de lapas.
Quanto à falta de alguns recursos, a crise servirá para justificar cada vez mais atrocidades (uns por necessidade, outros por oportunismo).
Culpar governos pela falta de recursos é limitar a questão: os governos regulamentam, nem sempre bem, e fiscalizam, frequentemente mal, mas não passam de representantes do povo que têm (o mesmo material genético). Por isso não gosto da frase "o governo tem que pôr a mão nisto", que se usa frequentemente para não se pôr a mão na própria consciência.

Cartoon de 05 de Março de 2002

Publicado no Portal Virtualazores em Março de 2002

Os EnRASCAdos 28 - Tecnologias 1

Há o ter e o manter. Ainda se vê muito para aí o verbo ter em barda, depois não se consegue manter nada, pois foi tudo gasto no ter. No último fim de semana, passei por uma zona de Ponta Delgada onde havia uma ruína, ocupada talvez indevidamente, que não tinha portas nem janelas, mas onde estavam instaladas 3 antenas da Meo.
Não vi os plasmas, pois o pano que fazia de porta estava fechado...

Cartoon de 29 de Dezembro de 2005

SG 27 - Cheira-me a fumo

Tento não publicar dois cartoons consecutivos da mesma colecção, mas neste caso, foi irresistível.
Na entrevista dada ontem à RTP, o primeiro-ministro, José Sócrates, citou um júiz americano que dizia que "a liberdade de dar um murro acaba no nariz do adversário".
Ora, posto isto, lembrei-me logo do SG: primeiro porque a liberdade dos seus adversários é bem curtinha, dado o comprimento do nariz; segundo, porque como andam para aí as liberdades, que nada têm a ver com os direitos e deveres, os narizes não estão nada bem tratados.
Assim, fui ao baú das velharias e vejam só qual o SG que se seguia para publicar! Nem de propósito! Foi feito há 14 anos, com outro contexto completamente diferente, e afinal também há contexto para hoje.

PS: Para que não sobrem dúvidas, não sou fumador nem estou a fazer publicidade ao tabaco.

Cartoon de 17 de Fevereiro de 1995

SG 26 - Aterragem perfeita

... talvez também desse para acostar navios de cruzeiro... dos grandes.

Cartoon de 02 de Fevereiro de 1995

Na Tasca 27 - Inflacções e inflaccionismos

A economia é um cobertor curtinho. Ora se puxa para a cabeça e destapa os pés, ora se puxa para o para o lado direito e destapa o lado esquerdo, etc.
Assim, o que é bom nem sempre é bom e geralmente até é mau, principalmente o que talvez seja muito bom.
Um antigo presidente dos Estados Unidos dizia que gostava de ser aconselhado por um economista maneta, isto porque os economistas têm tendência a completar as suas previsões com: "por outro lado..." (em inglês, "on the other hand", daí a alusão ao maneta).
Eu não me preocupo com o aspecto físico dos economistas, se são ou não manetas. O mais importante é que banqueiros, gestores, economistas e políticos sejam responsáveis e honestos, isso sim.

Cartoon de 16 de Abril de 2009

MonoCultura 37 - Contra-ordens

Será que as confusões sempre que a Marinha Portuguesa tem que intervir são novidade?
Em 2002, o navio que estava em Ponta Delgada recebeu ordens para fiscalizar a pesca ilegal que decorria ao largo dos Açores e, quase ao mesmo tempo, recebeu ordens para não ir. Foi uma confusão entre ordens do comando em substituição e contra-ordens do comando em férias.
Não desmerecendo o trabalho e papel da Marinha, as questões que agora se colocam quanto às missões em África levam a pensar se isto não é um sinal de que se quer cada vez mais que a Marinha seja uma profissão ao nível de qualquer repartição ou biblioteca.
Se não é para intervir perante os piratas, porque os militares que foram enviados para aquela missão não têm subsídio de risco, então só havia duas soluções:
1. Atribuir-lhes o subsídio de risco (e sem necessidade de uma Portaria que dissesse a que horas tinham direito, e que dependia, quiçá, da nacionalidade dos piratas, da cor do barco dos piratas, etc.);
ou
2. Mandar equipas de reportagem da TV em vez de militares, para filmarem e noticiarem os ataques, já que era para estar parado a ver sem fazer mais nada.

Cartoon de 25 de Fevereiro de 2002

Publicado no Portal Virtualazores em 2002

Os EnRASCAdos 27 - Cadidaturas 1

... quem ouve a forma lamentável como decorrem os debates parlamentares (regionais ou nacionais), não pode deixar de ficar enojado com o estilo e a falta de nível da nossa classe política. Ninguém está minimamente interessado em melhorar a vida de qualquer português que não a sua própria vida.
No outro dia, chegou-se ao ridículo, perante uma peixeirada vergonhosa, em que cada deputado que tentava falar era interrompido pelas vaias de outros deputados (sim, vaias, ao nível de um jogo de futebol), o Presidente da Assembleia sai-se com esta: "Senhores deputados, peço-vos que não entrem em diálogo". Embora se perceba o que ele quis dizer, não é menos caricato ouvir isto num local onde quem lá está é pago (bastante bem pago, por sinal), para precisamente... DIALOGAR!
Claro que aquilo não era, em lugar nenhum, um diálogo. Era uma simples pouca vergonha e falta de respeito por todos os outros que trabalham e pagam impostos para alimentar este tipo de comportamento. Em vez de se melhorar muito as condições dos gabinetes onde se sentam rabos destes, devia-se colocar ESPELHOS nas assembleias, para verem as figuras tristes que fazem.

Cartoon de 21 de Dezembro de 2005

Ecos 10 - Os especialistas

Cada vez mais, a sociedade está recheada de especialistas em todas as artes e partes. Será que isso é bom para a sociedade? Devia ser, mas não sei se é.
Cada acção que se faça ou deixe de fazer, lá aparecem vários painéis de especialistas a debater a questão. A conclusão é que não se chega a debater muito e não se conclui nada.
Podemos enquadrar isso em várias Eco... logia, ...nomia, etc.
Enfim, até acho que haveria tanta forma de ilustrar isto em cartoon, que nem a brincar nos entendemos.

Cartoon de 31 de Março de 2009

Os EnRASCAdos 26 - Seguros 1

A sensação que temos ao pagar seguros, é que se não os tivéssemos apenas estaríamos contra a lei. Ter seguro é geralmente um seguro contra multas, não para nos precavermos dos eventuais acidentes. Ou as seguradoras repartem as culpas entre os acidentados, pois é mais fácil que defender o seu segurado (que não lhes paga para isso...), ou damo-nos por culpados e pagamos mais à seguradora do que se não o fizéssemos através dela.

O princípio de estar segurado é correcto, mas como somos obrigados por lei a ter seguros, as seguradoras estão sempre em melhor posição que nós.

Cartoon de 19 de Novembro de 2005

MonoCultura 64 - A clonagem

Não desmerecendo o sucesso científico para os Açores que foi a clonagem bem sucedida de uma vaca, ficam no ar as seguintes questões:
- Já não temos mais vacas que pessoas?
- Assim, porquê vacas?
- E a seguir?
- Pardais?
- Ratazanas?

Aguardo notícias sobre a clonagem de contas bancárias, pois dava jeito clonar a minha. Nesse caso, só é preciso ter em conta qual o "cientista", pois se ele se chamar Madoff...

Cartoon de 31 de Março de 2009

Ecos 09 - Recursos naturais

A ideia deste cartoon vem da leitura do livro de Paul Collier "The Bottom Billion - Why the Poorest Countries Are Failing and What Can Be Done About It". Basicamente, o autor nota que esses países estão presos a pelo menos umas das seguintes quatro armadilhas: - guerra, recursos naturais abundantes, má governação e má localização geográfica (sem acesso ao mar e rodeado de vizinhos com os mesmos problemas).
Este cartoon tenta sintetizar a questão da riqueza em recursos naturais, cuja exploração será necessária para tirar esses países da pobreza, mas que a má governação leva ao enchimento de alguns bolsos, mantendo o país pobre. A farda de militar também sintetiza os conflitos e o excesso de poder dos governantes, que além de maus são geralmente ditadores. Com governantes destes, o acesso ou não ao mar faz pouca diferença, pois o país tende a isolar-se do resto do mundo.
Situações destas impedem os princípios de desenvolvimento sustentável e exploração sustentável de recursos, além de impedirem pelo menos um bilião de pessoas de viverem condignamente.

Cartoon de 31 de Março de 2009